Cá estou eu, tantos dias depois. Há temas tabu no soldados e Dezembro esteve carregado deles - s*smo, Copenh$ga, fr*o, N$tal... Aviso, por honestidade, que não sei definir esta zona cinzenta; trata-se apenas de um conjunto de coisas das quais não me apetece falar, nas quais não me apetece sequer pensar e então faço de conta que não as vivo. Talvez seja antes uma disposição. Não, é mesmo antes uma disposição. É quando o cheiro do jornal enjoa-me e faço de conta que não vejo os feeds do Público. Sei dos murros ao Berlusconi pela mãe. Processo em memória de peixe a informação que parece propensa à repetição exaustiva, gratuita e non grata nos dez dias seguintes da minha vida social e vegetativótelevisiva. De vez em quando olho para o tecto e pergunto-lhe: «Quando é que isto passa?».
Ao mesmo tempo tenho uma lista imensa de tarefas a cumprir, começo pelas mais afastadas da realidade: bebo "chá" de chocolate com chili, visto um roupão com mangas laranja fluorescente, quase-deixo de fumar, mudo as argolas, leio Silicon Second Nature e Asimov, bebo mais "chá".
Há bloggers que parecem nunca passar por isto. Têm sempre opinião e bom gosto, lêem tudo, vão a todo o lado, têm os meus pontos negros em amigos, escrevem trinta mil posts por ano, todos brilhantes. É que não é como se a minha vida fosse incrivelmente excitante para além do que aqui sou, ou um caso de other people’s lives seem more interesting, cuz they ain’t mine. É que não é nada disso. Bah.
Mas quê, falta-lhes uma perna, ou assim?