"É preciso fazer a história desta vontade de verdade, desta petição de saber que há tantos séculos faz agora cintilar o sexo: a história de uma obstinação e de um furor. Que pedimos nós ao sexo, para além dos seus prazeres possíveis, para que teimemos deste modo? Que paciência é esta, ou esta avidez, em constituí-lo como segredo, causa omnipotente, sentido oculto, medo sem tréguas? Por que é que a tarefa de descobrir esta difícil verdade se transformou afinal num convite a levantar as interdições e em desfazer os entraves? Então o trabalho era tão árduo que era preciso encantá-lo com esta promessa? Ou este saber tinha-se tornado de tal preço - político, económico, ético -, que foi preciso, para lhe sujeitar cada um, garantir a cada qual, não sem paradoxo, que nele encontraria a sua libertação?"*
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*Foucault, M. 1994. História da Sexualidade, volI. Relógio d'água: 84.
ResponderEliminarApanhado em revista para um trabalho; parágrafo assinalado com um traço e um « ='D! ».
Olá.
ResponderEliminarNão estou no melhor dia para pensar na tua postagem, creio que brevemente não o estarei. Ainda que tenha ficado indelével na minha memória algo que com o qual concordei.
Este parágrafo é praticamente um resumo [poético] da tese de Foucault apresentada na HSI. Aí fala-nos da objectivação do sexo pelas ciências humanas, no séc.XVIII/XIX, alinhada com uma nova perspectiva de governo, orientada para a vida, munida de instrumentos científicos. A ideia é que o estilo victoriano não é púdico, é prevertido, mesmo. Definir o normal e o patológico do sexo, a "verdade do sexo", não é reprimi-lo, é falar dele e criá-lo. É tb libertar para o certo, fixando.
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