Latour, Latour, Latour.
Mas se nós nunca fomos modernos, porque raio, eu pergunto, PORQUE RAIO insistes em libertar-nos de categorias com
mais de dois mil anos? Acaso somos estúpidos? Acaso és tu, ou andas a enganar-nos?
(Às vezes acho que os autores inventam problemas para serem os primeiros a resolvê-los.)
«Às vezes acho que os autores inventam problemas para serem os primeiros a resolvê-los.»
ResponderEliminarBenditos autores, creio eu :)
Hum.. Não era um comentário simpático, R. (Com todo o respeito ao(s) senhor(es).) Como é que tu entendeste?
ResponderEliminarMalditos autores digo eu! Eu que me formei em filosofia abominei desde cedo denominações como "pós-moderno", o que raio é ser-se "pós-moderno" acaso será ser-se futurista? Pós-presente portanto. A estupidez feita rei e rainha! Agora aparecem-me estes autores dizendo que nunca fomos modernos. Que conceito de moderno? para sabermos teremos que ler os livros, todavia, por experiência já sei que esses livros são autofágicos, circulares, explicam, touché ágil touché, problemas inventados. Precisamente isso: explicam problemas que, em bom rigor, não existem.
ResponderEliminarEle caracteriza o 'moderno' pelo projecto de purificação de categorias, com a divisão nãohumanos-natureza/cultura-humanos como grande eixo (a "Constituição" [metafísica]). Paradoxalmente, ou não, quanto mais divides, mais hipóteses de híbridos geras, e são estes que permitem a mediação entre as falsas clivagens. Ou seja, o sistema mantém-se porque se contradiz. A questão em Latour é que tudo isto é falso - ele dá mts exemplos históricos, normalmente da ciência, das articulações natureza-sociedade-política-etc (estudos sociais de ciência, ya)-, portanto, guess what, nunca fomos modernos. Até aqui tudo mais ou menos bem, mas naquele livrinho do lado - Politics of Nature - ele retoma a discussão das falsas dicotomias, especialmente o grande eixo mencionado, mas fá-las recuar até Platão!!!
ResponderEliminarEntão:
1) é moderno ou é clássico, afinal?
2) que me interessa que seja falsa ou verdadeira a separação natureza-cultura? parece-me uma discussão do sexo dos anjos, sinceramente; é só perspectiva! (Eu consigo argumentar as duas maneiras e fazê-las soar igualmente verdadeiras pq axiomáticas.) o curioso é que ela exista! e se existe há tanto tempo, há de ter fortes e interessantes motivos sociais, culturais e/ou psicológicos..
não?
e isto é 'fazível'? não faço ideia.
Mas sim, Henrik, foi nesse sentido que escrevi que os autores parecem inventar problemas para resolvê-los. Chegas ao fim do livro e o teu mundo fica igual. Tiveste ali um momento de raciocínio novo, ok, mas tudo se resolve no mesmo volume, e a realidade, ou a tua compreensão dela, fica na mesma, talvez com um pouco mais de 'ruído de fundo'. E vai ficar-te bem citá-lo(s) na tese, porém não tens a certeza se aprendeste o que quer que seja.
Como pergunta o Outro: o que é um autor?
ResponderEliminarSerá que um autor, a existir, pode ser aquele que promove "um momento de raciocínio novo" e possibilita "ruído de fundo"?
Repito-me então:
Benditos autores, creio eu.
Pois, e a discussão é essa também. Perguntei como é que entendeste para ter a certeza, mas calculei que fosses nesse sentido - és uma "fofinha literária pós-moderna", eu sou uma "chata científico-positivista démodé" (conserve-se apenas o vazio dos rótulos). Pensas no estímulo, na textualidade, são tb coisas importantes. Mas a mim, elas por elas e só elas, em 'ciências sociais', aborrecem-me-de-morte.
ResponderEliminarE digo-me uma romântica...
(risos)
ResponderEliminarLiliana tu não podes, mesmo, ver as coisas apenas por esse prisma senão vais ter uma vida cheia de pequenos aborrecimentos. Eu percebo a tua ideia mas de facto parece-me que a Rute tem toda a razão.
ResponderEliminarEu sinceramente não consigo corroborar a ideia de que um livro, seja ele qual for, nunca te ensine nada; podes até odiar o livro, ficares com a ideia inicial de que não te trouxe nada de novo..um dia mais tarde, do nada lembras-te de qualquer coisa que leste acerca do assunto, nem que seja para desconstruires a coisa ou dizeres que é uma total parveira mas eu acho que fica sempre qualquer coisa..e reflexões são reflexões..benditas sejam..para nos confundirem ainda mais! :D
Sim, MJ, e eu também concordo com isso! Aliás, já disse várias vezes neste blog que não existem livros inúteis, que eles servem sempre para alguma coisa, nem que seja para te por a pensar no assunto para depois achares que foi um desperdício de tempo. Tu és uma síntese de experiências!.. Fui talvez pco sensata no meu desabafo - ainda assim salvaguardei a questão do noise, não foi por acaso. O que acontece é que me chateia aquilo que às vezes parece ser 'falta de seriedade' por parte dos autores. O Latour não será o melhor exemplo (gosto da obra do senhOR, apesar do apontado), mas eles há os que só podem estar tontos da cabeça, e que se ocupam mais a resolver ilusões do que a desconstrui-las, ou a tratá-las com sentido crítico. E o mau é qd fazem isto achando-se os messias da barbatana. Outra: quando vêm inchados de originalidade tendo a mesma coisa sido dita há centenas de anos atrás (que acontece, sabemos, com quase tudo o que se diz). Sei lá... honestidade? modéstia? São boas características para a construção de conhecimento.
ResponderEliminar(Atenção, já devem ter percebido, é que para mim antropologia NÃO É literatura.)
para mim tb não.
ResponderEliminarGileee chamaste-me síntese de experiências..é redutor, tou magoada!:(
'Síntese' nunca é redutor. ;)
ResponderEliminarnão? uhm..
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