26 de junho de 2009

cultura, o conceito

discussão aberta a todos os neurónios

Talvez não seja a primeira vez e tenda a esquecer por ser doloroso e abalar-me do cérebro ao mindinho do pé. Mas ao fim de quatro anos de antropologia, encontramos a L. a voltar ao dicionário, para conseguir a certeza de que está enganada, que está pensar mal e que o título do trabalho ainda faz sentido.

Lembrem-me: porque raio continuamos a usar o conceito de cultura? É que se tudo o que é produção humana é cultura[l] - como é costume dizer-se, mas em código, para não dar muito nas vistas (confirmem-no no ponto9) -, desd'esta mesinha à biologia do livro da rapariga ao lado, então quando é que não é pleonástico procurá-la e/ou reflectir sobre as suas relações com o que quer que seja? Qual é o interesse? Ensinar o mundo, repetindo-o até à exaustão para ver se encaixa, usando um ou outro 'exemplo-etnograficamente-conseguido'? Não era mais fácil fazer t-shirts a dizer assumamos tacitamente a cultura?
Não deviam os nosso "pais" ter desistido da cultura quando desistiram das estruturas?


Tenho aquela sensação de estar a descobrir a roda (coisa que me acontece com alguma frequência, feliz ou infelizmente); que a minha criancice não vos canse.

24 de junho de 2009

amador-horror é não levar um poema até ao Fim

23 de junho de 2009

"É preciso fazer a história desta vontade de verdade, desta petição de saber que há tantos séculos faz agora cintilar o sexo: a história de uma obstinação e de um furor. Que pedimos nós ao sexo, para além dos seus prazeres possíveis, para que teimemos deste modo? Que paciência é esta, ou esta avidez, em constituí-lo como segredo, causa omnipotente, sentido oculto, medo sem tréguas? Por que é que a tarefa de descobrir esta difícil verdade se transformou afinal num convite a levantar as interdições e em desfazer os entraves? Então o trabalho era tão árduo que era preciso encantá-lo com esta promessa? Ou este saber tinha-se tornado de tal preço - político, económico, ético -, que foi preciso, para lhe sujeitar cada um, garantir a cada qual, não sem paradoxo, que nele encontraria a sua libertação?"*

21 de junho de 2009

som e cenas

BRAINs, The Musical
Queria partilhar convosco um doc que passou hoje no National Geographic - The Musical Brain -, mas isto também serve!

Para quem insistir em aprender alguma coisa com este post, encontrei ainda amusia, por Oliver Sacks.

18 de junho de 2009

ultimato do fim das ilhas

Teerão, Irão. Já sabemos as notícias, fica um dos vídeos correntes:
16.june.2009 تهران جام جم .


...
19/06
Irão: Khamenei garante que "o povo escolheu aquele que desejava", Lusa 11:08 Sexta-feira, 19 de Jun de 2009

Há matérias para as quais certos silêncios são ouro. Mas não.
Ali Khamenei, o último ariete.

o amador-horror por esse mundo fora


Não resisti.

17 de junho de 2009

uma casa portuguesa?

É por estas coisas que somos conhecidos:

"Lower-income groups in UK tend to have higher CVD rates, and many countries in northern Europe show a similar pattern. (…) In contrast, the opposite association has been observed – higher CVD rates associated with higher income – in southern European countries as Portugal. A rapid transition among richer people from the traditional heart-protecting Mediterranean-type diets rich in fruit, vegetables, and fish to diets in animal products and sugar may account for this."*.
[CVD = doenças cardiovasculares]

Isto lembra-me um episódio engraçado, lido num livro qualquer: uma ONG pretende promover a actividade física como parte integrante da “vida saudável”, numa aldeia africana, através de um poster que mostra uma gorda no sofá e uma magra a aspirar, depois de uma história de fome e pobreza... [roflmao]

15 de junho de 2009

versículos satânicos

Coincidência: terminei o livro há poucos dias, isto passou ontem à noite na sicn. Fiquei muito impressionada; apesar de conhecer a controvérsia, não tinha noção da real dimensão da onda de protestos e discórdia levantada pelOs Versículos Satânicos, no final dos anos 80. A escala não foi o Reino Unido, foi o mundo. Devo dizer que não achei o texto particularmente escandaloso, entendi logo o seu carácter ficcional.

Uma identidade muçulmana construída em torno de um ódio, depois de uma fatwa, a um autor indiano de família muçulmana? O reacendimento da hostilidade Irão/Reino Unido? Cat Stevens a condenar Rushdie à morte? ...

... O multiculturalismo e eternas outras coisas - blasfémia islâmica ou liberdade de expressão? Como nos cartoons. Porque podemos brincar com o Papa e não com Maomé? Podemos até comprar histórias de amor, sexo e linhagens secretas de Jesus com Maria Madalena! O humor e [esta] liberdade, são culturais? Era suposto saber responder a isto? Só tenho perguntas.

a minha vida depois de theroux

Portugal, meu amor (trailer)
Dá gosto, a sério. São os docsBarreto-oquefaltava, agora tudo mais jovem e provocador, temactual a temactual, a passar na sicr. Aconselho muito vivamente o episódio dedicado às juventudes partidárias.

(Ok, não é um Louis Theroux, mas também sou tendenciosa, já que tenho uma borboletinha platónica na barriga pelo senhor.)

14 de junho de 2009

"Não espero que os teus dezassete anos compreendam alguma coisa disso. Procuro no entanto instruir-te e também chocar-te. Os teus preceptores, que eu próprio escolhi, deram-te uma educação austera, vigiada, talvez excessivamente protegida, da qual espero, apesar de tudo, um grande bem para ti e para o Estado. Ofereço-te aqui como correctivo uma narrativa, desprovida de ideias preconcebidas e de princípios abstractos, tirada da experiência de um só homem que sou eu. Ignoro a que conclusões esta narrativa me levará. Conto com este exame dos factos para me definir, talvez julgar-me, ou pelo menos para me conhecer melhor antes de morrer."*
Futurama - title captions

13 de junho de 2009

regalo

Porque alguém o deixou perdido na estação de Coimbra, vim a ler o El País a caminho do arraial dos santospop e de casa, ontem. Existem vantagens em ler periódicos estrangeiros: treinar a língua, experimentar outra perspectiva, saber o que se diz, se ouve e se faz noutros lugares. Entre vários achados culturais, no sentido mais comezinho da coisa (ou não) - bem apanhado suplemento EP3 -, encontrei a notícia de um fenómeno que grita ciências sociais sensíveis. Crise de objecto?! A net trouxe novos mundos definitivamente do caraças.

"Lo que este fenómeno de Internet ha revelado, más que la influencia de la publicidad o del boca oreja en Internet, es el poder de la ironía. Estos comentarios, según opina la columnista y experta en consumo del diario Los Angeles Times Megan Dhaum, “satirizan el mismo medio que ocupan: las críticas a productos vendidos online”. “Además, a pesar de la reiteración de que la camiseta es un irónico accesorio de compra obligatoria, hay muchas personas que indudablemente la compran de forma no irónica”, añade. En efecto, el poder de la ironía y un clasismo mordaz han hecho que una prenda antes relegada al panteón del mal gusto sea ahora un elemento de moda, mucho más exitoso que cualquier artículo de marca."

A todos os com sentido de humor e vontade de deslumbramento: a notícia da camiseta con lobos.

7 de junho de 2009

confissões de uma nãoseiquê

Dia de eleições e estou num grande impasse. Bem sei que isto é como os desejos das velas, pedidos depois dos Parabéns, e que não se conta nada a ninguém sob pena de ralo (ir p'lo ralo, quero eu dizer), mas, damn, ouviram falar de europa alguma vez? Pior, às tantas nem de europa, nem de Portugal, nem de coisa que valha. "Ah, queremos justiça, liberdade, democracia, igualdade,..."(Louçã, um dia destes) - é uma piada, certo? Ya, todos queremos valores ocidentais altamente reconhecidos, boa. À falta das propostas ou doutrina como critérios, ponderemos outros: a aparência. Porque não? Que ganhem os melhores (mérito, mérito!), mas se são todos iguais, se são todos os melhores (cof cof), então que ganhem os mais bonitos, para fazer boa figura nas revistas e tv. Faz sentido? Acho que sim; até aqui tudo bem. Mas mãe, mãezinha, amigos, agarrem-me, que o mais bonito é cds, e isso não vai nada bem com a minha história.

Ai Melo, se está lá a tua foto, voto de coração.

6 de junho de 2009

Que espécie de voyeurismo é este?

s.t.




por ser francês,
D'Artagnan é D'Artagnan,
se fosse D'Art'anhão, D. seria filisteu.

3 de junho de 2009

bioterror-eu, bioterror-tu

Na sequência do meu repto para a recolha de pop media que, de alguma forma, evocasse bioterrorismo, catástrofes infecciosas e/ou afins, tenho a agradecer-vos mais de 20 entradas. Folgo em saber que vivo rodeada de nerds do apocalipse biotecnológico; parece que somos da mesma estirpe de Luís Filipe Pereira! Ora reparem no nosso Plano de Contingência relativo ao bioterrorismo: [frase de abertura]

“Com os incidentes terroristas ocorridos nos Estados Unidos da América a 11 de Setembro de 2001, iniciou-se uma era de novos riscos para a saúde e segurança das populações.” (aqui).

Depois é ver os peritos em comunicação de riscos a arrancar cabelos, com o pânico instalado, a “ansiedade antraz”, a xenofobia e a corrida aos antibióticos, às máscaras e aos enlatados.
- Mas porquê? Mas porquê?

‘uma admirável era

2 de junho de 2009

Open Anthropology Cooperative

Um grupo de antropólogos formou recentemente uma rede internacional, a OAC - Open Anthropology Cooperative - http://openanthcoop.ning.com/ - que pretende promover o debate, a comunicação, a troca de experiências e a colaboração entre antropólogos, utilizando a internet como meio de ultrapassar fronteiras nacionais, regionais e linguísticas.

A iniciativa - uma plataforma aberta (semelhante às das redes sociais na Internet), que apela à colaboração multi-disciplinar e multi-regional -, teve um sucesso imediato.

O processo de adesão é simples e o projecto merece o nosso apoio, divulgação e participação.

Duas "entusiastas de primeira hora" formaram um grupo em português - o «Antropolis» - http://openanthcoop.ning.com/group/antropolis - ao qual vos convidamos a aderir e a multiplicar.

Para entrar na OAC e tornar-se membro ("sign in"): http://openanthcoop.ning.com/

Até lá!

pseudopatente intelectual, ou registo de intenção ii

Ir a Virtualinho da Furna, fazer uma antropologia moderna.
Quero estudar o comunitarismo afro-cibernil.