“Fotografia é uma atividade muito intrusiva. A antropologia também. Quem é antropólogo sabe que é uma profissão muito chata. Você enche o saco das pessoas fazendo perguntas sobre aquilo que é tão óbvio que ninguém se preocupa em dizer. Lévi-Strauss disse em algum lugar que a antropologia não é sobre as sociedades sem escrita, é sobre aquilo que nenhuma sociedade acha que vale a pena escrever. É isso que interessa à antropologia: escrever sobre aquilo que as sociedades não estão interessadas em escrever. E o antropólogo faz perguntas sobre aquilo que as pessoas não estão interessadas em responder. Então o antropólogo é um intruso profissional, um enxerido profissional, um curioso profissional. E tem pessoas, eu por exemplo (e vários outros colegas que eu conheço), que se sentem muito mal fazendo isso e acham que estão incomodando as pessoas. Tem outros, ao contrário, que são chatos de nascença, encontraram a profissão dos seus sonhos e se sentem muito bem aonde quer que vão.”
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Olá tudo bem?
ResponderEliminarOlha desculpa estar a perguntar mas ontem foste ao jantar de curso?
Zé Camões.
Mail me (lia_eu@hotmail.com), acho q tivemos um prob de comunicação qq.
ResponderEliminarsomos chatos?? Sim. Somos. E conseguimos acumular ódios vindos dos mais diversos sectores, o que é bom..x'D
ResponderEliminarMas gosto de abordar a coisa por uma outra perspectiva, não querendo, aqui, desrespeitar o senhor Levi-strauss (vénia, vénia, vénia):
Podemos ser chatos mas somos, definitivamente, as criaturas mais interessantes, cultas, "open-minds" e até incómodas ( sim incomodamos muita gente) que existem. Portanto vale a pena ser chato.
E tenho dito. Agora vou ver se encontro a modéstia que a deixei ali para os lados do corredor.
É, émedjei, subscrevo. São duas coisas relacionadas, não é? - a curiosidade almost silly e esse incómodo de que falas. Se as sociedades não querem escrever, se calhar não é por acaso... Uuuuhhh. Somos violadores de campas! xD Somos crianças, somos punks! Somos uns grandas tontos quando ficamos admirados com essas resistências do sistema à nossa voz. Faz parte [, um bocadinho].
ResponderEliminarEspero que não tenhas tido nenhuma má experiência marcante. (Desconto para o desemprego, que já é um grande trauma!)
a propósito sra. antropóloga, já há publicação visivel ou ainda não ?
ResponderEliminarBeijoca, com saudade
"As galinhas apressadas têm pintos carecas."
ResponderEliminarTb já vou com umas saudades nos neurónios. :) *
Para o antropólogo o segredo da descoberta, da teoria ou da hipótese estará, sempre, naquilo que cada um pensa de si e no que cada um pensa de todos os outros... Infelizmente, incapazes como somos (não obstante todas as nossas extraordinárias capacidades XD ) de ler mentes, temos mesmo de ir ter com os sujeitos e conseguir o que foi atrás referido.
ResponderEliminarPortanto, o antropólogo não é um chato, é um curioso informado!
Acrescento, caro S7alker, eu, uma desconfiada das palavras, que a antropologia depende igualmente da observação das práticas e do cruzamento dos testemunhos de que falas com estas. Práticas, discursos, testemunhos (estes dois ultimos, para quem 'está dentro', não são bem a mesma coisa), para chegar ao funcionamento - ou mais ou menos - que é retórico, que leva uma orientação qualquer. Então, tudo isto é muito difícil, e normalmente vem escrito de uma maneira chata que só a nós deixa feliz, lá, sentados no divã ou na cadeira de pau, a ler, no formato de uma tese de fim de ciclo [para usar os termos de bolonha]. E, ok, curioso informado, mas põe chato nisso! ... x)
ResponderEliminarCumps. Gosto em ver-te por aqui.
Ah!E se fosse o Houart, não deixaria escapar a empatia e a compreensão sensível como técnicas indispensáveis! ;D
ResponderEliminarIsto é complexo.
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