foucause (breve desabafo)

! Atenção, conteúdo naif; sintam-se desafiados a fazer-me entender. !

Acabo de chegar de uma pequena conversa em torno de Michel Foucault, encabeçada por J. Ramos do Ó, e estou cheia de angústia. Muito depressa, que o jantar está ao lume, e de forma pouco fundamentada (apesar de falar recorrentemente no senhor e de apreciar-lhe as ideias, conheço pouco mais de 2livros seus), descobri que a maior crítica que fazia ao autor – a omissão da agência – já foi respondida por ele mesmo.
Achava eu, ao pensar um dia destes sobre a situação do corpo na cultura, que podíamos encontrar duas colunas relativamente definidas sobre o assunto: as visões emancipatórias, próximas da agência [produtiva]/do action-man (passo a piada que ouvi de um professor (e que ele terá ouvido de outra pessoa qualquer)), e as visões do adestramento social, próximas do actor/plastic-man (idem). (…) Nesse momento, coloquei Foucault na segunda coluna, sem quaisquer dúvidas. Continuo a crer que se encaixa muito bem, no entanto a coisa afigura-se mais complexa. Existe, afinal, a noção de técnicas de subjectivação, processos pelos quais os indivíduos se constroem (/são construídos?), inscritos nas relações de poder (pa, estou a cortar muito, mas enfiem aqui os discursos, os dispositivos de saber-poder, as disciplinas…), numa situação de aparente autonomia – um “sistema manhoso”, parece. (...) Ora, posto assim, nada escapa a uma qualquer configuração geral das coisas; tudo aquilo que eu perguntar, todas as minhas análises estão, no fundo, previstas! Isto vale o que vale, não é suposto encontrarmos aqui (no meu blog, ha!) a explicação do mundo, mas há algo de evidente neste esquema:

Foucault é uma hipótese irrefutável.

(E daqui fazia um silogismo. Mas não brinquemos com coisas sérias...)