15 de setembro de 2009

elixir recomendado

A minha relação de amor-ódio com [aquilo que conheço d]a obra de Michel Foucault tem sido assunto depositado na folha do soldados com alguma recorrência, de forma mais ou menos explícita. (Serão as dúvidas teóricas que me assaltam de banana e corta unhas as substitutas das crises existenciais de adolescência, na dinâmica da minha vida? Não.) Pois bem, quis o destino, ou um professor generoso, que me encontrasse com um texto fantástico, uma espécie de contrafeitiço: Michel Foucault, Ou o Niilismo de Cátedra, de José Guilherme Merquior.

Boa sorte com a pesquisa, já que o livro parece não passar a censura do gosto académico - tão mais amigo do meu autorU/Ambiguidade -, mas façam um favor a vocês mesmos, se partilharem do interesse, e sejam perseverantes! (Podemos sempre pensar noutras opções, já que não reconheço ilegitimidade na circulação de informação...) É uma crítica incrível: mais do que apresentar as incongruências, ou mesmo os erros, nos trabalhos de Foucault, Merquior explica-os! Explica a obra pelo contexto, conhecedor distanciado, sempre sereno e com muito humor. Mostra quando aquele diz mais do mesmo, citando nomes familiares, mostra também quando é que é novo - afinal não tantas vezes. E ninguém fica mal visto. Então Foucault passa a ser mais um homem - mais um homem, ha!

Termina assim:
“Leo Strauss costumava dizer que, nos tempos modernos, quanto mais cultivamos a razão, mais cultivamos o niilismo. Foucault demonstrou que não é absolutamente necessário fazer a primeira coisa a fim de alcançar a segunda. Ele foi o fundador de nosso niilismo de cátedra.”

4 comentários:

  1. Liliana Esteves Cardoso de Assunção Freitas poderei ter acesso a esse texto bia internet???

    ps: as incongruências existem ( não existirão em todos?? ou quase em todos???por exemplo o que Hobbes critica em Kant eu posso criticar em Hobbes..:P and so on..) ainda assim temo que a minha admiração por certos escritos do senhor não se me diminuam!:P:P:P

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  2. Não, não podes, MJ, p'lo menos do que pude averiguar. A censura é tal - ou a 'admiração'.. -, que à procura de críticas encontrei isto:

    "*(LITERATURA CLANDESTINA REVOLUCIONÁRIA)*MICHEL FOUCAULT LIBERTE-ME.

    VC LEU MICHEL FOUCAULT,NÃO?ENTÃO O QUE VC ESTÁ ESPERANDO FILHO DA PUTA?ELE É A CHAVE DA EVOLUÇÃO DOS HUMANOS.HISTORIA DA LOUCURA,NASCIMENTO DA CLINICA,AS PALAVRAS E AS COISAS,ARQUEOLOGIA DO SABER,A ORDEM DO DISCURSO,EU PIERRE RIVIÉRE,A VERDADE E AS FORMAS JURÍDICAS,VIGIAR E PUNIR,HISTORIA DA SEXUALIDADE,EM DEFESA DA SOCIEDADE,OS ANORMAIS...EVOLUÇÃO OU MORTE!"
    (cabeçalho de http://brigadasinternacionais.blogspot.com/ ).

    Ah, mas por saber que as incongruências existem é que eu nunca desisti! Tinha de estar alguma coisa errada, só era difícil encontrá-la. Não tem mal precisar de ajuda: aliás, desaprendi aprendendo. Certas críticas (ausência da Física na história das epistemes, p.ex.) até me fizeram sentir estúpida. Óptimo!
    Procura em bibliotecas, ou discutimos outras modalidades em pvt.
    >E aqui não se trata de 'virar o texto ao contrário', ou de uma questão de perspectiva, que me parece ser o caso aí da Liga invocada (poderás tu explicar-me melhor, certamente). É muito mais simples, é factos contra argumentos.
    Mais, é factos contra argumentos contextualizados. Quase que o perdoas. E não serve para perder a admiração, não senhor; apenas para passar da cabeceira à estante.

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  3. Sim senhora!!!!!!! As coisas que aprendo contigo tenho mesmo de o ler...:D

    Um dia vamos ficar tão intelectualmente elevadas que já ninguém nos aguenta..x'D

    Bem haja por isso my friend! lol

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  4. Fixe fixe era retomares ali o duelo Kant-Hobbes - a que te referias especificamente?

    /Conheço mt boa gente esperta que é socialmente desejável; espero caminhar nesse sentido ao nca deixar de cultivar o meu gosto por piadas secas e imperiais. :)

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