16 de setembro de 2010

18 de maio de 2010



encontros

A Fenomenologia da Vida em Strudel

Aconteceu ontem, no Instituto Vinte e Nove da Ponta Delgada, por volta das 23h30. A assistência foi fraca, mas a discussão desenrolou-se com dedicação. Devo dizer que, mesmo sem ser tema novo, tirei grande proveito do que foi levado à mesa. Agradeço o empenho e paciência a todos os participantes: na próxima, ligaremos o aquecimento com trinta minutos de antecedência.

lillies and flax seeds

Pistachio
Lisa Hannigan
Não eram recicláveis nem reutilizáveis.
Parágrafo extra de Sea Sew (2008) de Lisa Hannigan:

Lembrei-me de La Mer e do Sea Change, Beck e Debussy (ao contrário, mas soa melhor assim), e fiquei a matutar nas elaborações pastel que conseguimos dar à angústia característica deste elemento. Lembrei-me também do seu potencial devastador e das minhas fantasias apocalípticas aquando da Missa Papal no terreirinho, à qual assisti.
E terminamos, com um sorriso marado.

22 de abril de 2010

aventuras do alex na numerolândia

«The Amazonian tribe that can only count up to five»
Does a group of indigenous South Americans hold the key to our relationship with maths?


Sobre os Munduruku, grupo da Amazónia sem tempos verbais, plurais, nem números além de cinco, consta. O artigo é do Guardian, já não está disponível; resta procurar o aclamado livrinho azul de Alex Bellos.
Já agora, para quem souber: existem portugueses a trabalhar em etnomatemática?

15 de abril de 2010

Maurice Bloch em From blessing to violence, 1986

24 de março de 2010

- Desculpe, sabe escolher côcos?
[longa pausa constrangedora]
- Sim, cô-co.
VII Encontro Internacional de Poetas
Um título que é um mimo.
Divulgo e conto que me paguem em sonetos.

23 de março de 2010

Ruth Benedict

"Ruth Benedict believed in Moral Relativism, which is the belief that morals are different in every culture and there is no universal right or wrong. The morals of the individual or society are all that matters when assessing whether an individual is right or wrong. Moral Relativism is based on two things: Primacy of De Facto Values and Cultural Variation. Primacy of De Facto Values means that morals should be based on how individuals actually behave, not on how individuals should behave. Cultural Variation means that morals are different in different cultures. There are also two ways to approach morality: de facto morality or ideal morality. De facto morality deals with the actual behavior of people in general and principles that are already installed in a culture. Ideal morality on the other hand deals with how people in general should behave no matter how they behave."*

Em persiana de ferro paralela ao Prado.

tannhäuser / derivè‏

Every turn we take
And every decision that we don't make
Even the decisions we don't make
Will bring us into the secrets of the town
Every corner we turn will lead us
Every corner we turn will lead us down the labryinth
And every desire that we earn
Will guide us, alive, living, loving and searching
And searching

Boredom won't get me tonight

13 de março de 2010

a procura activa do curto-circuito

A propósito do penúltimo: je ne suis pas une relativiste (nem um pipe).

Porque, no fim, o relativismo normativo morre nele próprio: o paradoxo de dizer que tudo vale, excepto a sua própria alternativa.
N'est-ce pas?
E já vimos harakiris mais interessantes - tipo relatividade, CFCs, ou Gonçalo Amaral no Sinais de Fogo.

Comprei isto, estou mortinha por lê-lo.
Sou só o título deste post.

não se passa nada

"Nunca me leves muito a sério, eu."
Se for para continuar assim, o melhor é arranjares um diário, ou começares um romance. Mais seis meses disto e olha que já vale a pena. E não, uma tese não é um romance, é só uma tese, eu.
Just cause you feel it, doesn't mean it's there
Descalça-te miserável aos pés da cama, mas lembra-te que um dia destes, quando a cigana do sinal veio ter contigo, riste-te, presunçosa. Ouvias nick cave e a luzinha virava verde, milagrosamente verde: "com licença", só com gesto, "hoje Tenho a Minha Sorte".
Toma lá, hoje é dia Também.

12 de março de 2010

kit-kat

«Uma Experiência Absurda

Kroeber, no seu artigo "O Superorgânico", refere-se a duas experiências que teriam sido praticadas no passado. Embora o autor duvide da veracidade das mesmas, ele as utiliza como exemplo de reflexão sobre a natureza humana.
"Heródoto conta-nos que um rei egípcio, desejando verificar qual a língua-mater da humanidade, ordenou que algumas crianças fossem isoladas da sua espécie, tendo somente cabras como companheiros e para o seu sustento. Quando as crianças já crescidas foram de novo visitadas, gritaram a palavra bekos, ou, mais provavelmente bek, suprimindo o final, que o grego padronizador e sensível não podia tolerar que se omitisse. O rei mandou então emissários a todos os países a fim de saber em que terra tinha esse vocábulo alguma significação. Ele verificou que no idioma frígio isso significava pão, e, suposdo que as crianças estivessem reclamando alimentos, concluiu que usavam o frígio para falar a sua linguagem humana 'natural', e que essa língua devia ser, portanto, a língua original da humanidade. A crença do rei numa língua humana inerente e congênita, que só os cegos aciden tes temporais tinham decomposto numa multidão de idiomas, pode parecer simples; mas, ingênua como é, a inquirição revelaria que multidões de gente civilizada ainda a ela aderem.
"Contudo, não é essa nossa moral da história. Ela está no fato de que a única palavra, bek, atribuída às crianças, constituía apenas, se a história tem qualquer autenticidade, um reflexo ou imitação - como conjeturam há muito os comentadores de Heródoto - do grito das cabras, que foram as únicas companheiras e instrutoras das crianças. Em suma, se for permitido deduzir qualquer inferência de tão apócrifa anedota, o que ela prova é que não há nenhuma língua humana natural e, portanto, nenhuma língua humana orgânica.
"Milhares de anos depois, outro soberano, o imperador mongol Akbar repetiu a experiência com o propósito de averiguar qual a religião natural da humanidade. O seu bando de crianças foi encerrado numa casa. Quando decorrido o tempo necessário, ao se abrirem as portas na presença do imperador expectante e esclarecido, foi grande o seu desapontamento: as crianças saíram tão silenciosas como se fossem surdas-mudas. Contudo, a fé custa a morrer; e podemos suspeitar que será preciso uma terceira experiência, em condições modernas escolhidas e controladas, para satisfazer alguns cientistas naturais e convencê-los de que a linguagem, para o indivíduo humano como para a raça humana, é uma coisa inteiramente adquirida e não hereditária, completamente externa e não interna - um produto social e não um crescimento orgânico."

É óbvio que quando Kroeber fala em linguagem está implícita a possibilidade de estender o seu raciocínio para toda a cultura. Muitos anos depois de Kroeber, Clifford Geertz demonstrou não ser possível, à luz do conhecimento atual, esperal algum resultado da terceira experiência:
"... isso sugere não existir o que chamamos de natureza humana independente da cultura. Os homens sem cultura não seriam os selvagens inteligentes de Lord of the Flies, de Golding, atirados à sabedoria cruel dos seus indistintos animais; nem seriam eles os bons selvagens do primitivismo iluminista, ou até mesmo, como a antropologia insinua, os macacos intrinsecamente talentosos que, por algum motivo, deixaram de se encontrar. Eles seriam monstruosidades incontroláveis, com muito poucos instintos úteis, menos sentimentos reconhecíveis e nenhum intelecto: verdadeiros casos psiquiátricos. Como nosso sistema nervoso central - e principalmente a maldição e glória que o coroam, o neocórtex - cresceu, em sua maior parte, em interação com a cultura, ele é incapaz de dirigir nosso comportamento ou organizar nossa experiência sem a orientação fornecida por sistemas de símbolos significantes." (Geertz, 1978, p.61)» *

9 de março de 2010

meia linha

"In the 1990s, bioethical equipment was designed to protect human dignity, understood as a primordial and vulnerable quality. Hence its protocols and principles were limited to establishing and enforcing moral bright lines indicating which areas of scientific research were forbidden. A different orientation, one that follows within a long tradition but seeks to transform it, takes ethics to be principally concerned with the care of others, the world, things and ourselves. Such care is pursued through practices, relationships, and experiences that contribute to and constitute a flourishing existence (eudaemonia). (...) The question of what constitutes a flourishing existence, and the place of science in that form of life - how it contributes to or disrupts it - must be constantly posed and re-posed in such a form that its realization becomes more rather than less likely."*

Soa bem, mas
a democracia é uma alhada.

8 de março de 2010

soft science

It Did It (2000)

"It Did It explores my fictional character's story before and after I took Prozac. I used the scientific method to self-evaluate whether or not I needed anti-depressants while demonstrating how it affected my storytelling." Peter Brinson

Lusitania


Descobrir esta revista.
Já valeu a semana.
alguma info aqui
Store Bought Bones (Live On Jools Holland)
The Raconteurs
em colunas decentes, por favor

7 de março de 2010

quase que pediram

Quando digo que o melhor do soldados está nos comentários, confirmem, estou mesmo a falar a sério.

Aceita-se Feyerabend.

mãe, arranja-me uma linha para esta agulha

É uma febre por resolver, eu sei. Compreendam que tenho um pé na arte, outro na tecnologia e os joelhos na política. Em cima do monte, uma cabeça que se matuta por orientação, que não sabe mandar só por mandar e ir mandando, está sempre a exigir justificações - que não avanço um metro sem pensar nos outros metros e isso talvez me atrase. Na pior das metáforas florestais, podia galgar as lamas e enfiar-me já espinhos adentro; olhem, vou-me distraindo com ambas. Sujo os sapatos e pico os dedos, sujo os dedos e pico os sapatos. Não me tenho livre o suficiente para não querer mais do que a empiria -se é que isso é liberdade - e sei bem que ir ficando por aqui pode fadar-me a isto: a ir ficando por aqui. Mas ora bem, cada um é cumué. Por cada um ser cumué (sim, uma das poucas certezas da vida (?)), trago e retrago as minhas angústias do universal e do relativo. "A Ciência" visita-me como um poema de Onan, a sensibilidade às gentes ensina-me outras coisas. Então, a querer ser qualquer coisa como antropóloga, eu não sei. Já disse que não creio que a lua seja uma cabaça, mas também não vejo estupidez nisso - e não, não estou a ser correcta. É menos útil.
Utilidade. Penso tantas vezes nela. Numa humanidade madura, todos políticos, todos responsáveis, sem merdas ideológicas que não o ir fazendo, por Nós. Temo ter certeza de que nunca nos sentaremos à mesa.

Catalisador: The totalitarian science

2 de março de 2010

On the Ditch

B. Bagley Tainter

Milling autumn gnats in gold dusk light
Sentient motes in Brownian motion.

15 de fevereiro de 2010

manchete

«Miller manda os filósofos à merda, várias vezes»

"For example, we might find that those who strive for more abstract resolutions, as in philosophy, tend to denigrate others as deluded, vulgar, or simplistic in their preference for more pragmatic and less abstract perspectives. Philosophy can become simply a tool for describing others as false or stupid."

"While this resort to philosophy is essential to our academic purpose [Gell e Latour, claramente], the integrity of anthropology demands another commitment: a promise to betray such philosophical resolutions and return us to the messy terrain of ethnography."*

Queremos bengaladas.
Postcrossing - Postcards Traveling the World

14 de fevereiro de 2010

nunca te metas nos papers

é de pressão automática

E faz um ano que o soldados nasceu e eu não tenho nada a dizer sobre isso. Estou trancada em casa porque tenho mais que fazer do que ver os outros felizes e a divertirem-se. Dose dupla. Homens de mulher a beijar mulheres de homem e batmans com caniches e biquinis com frio e tamborzinhos, muitos tamborzinhos no samba e samba em cima dos tamborzinhos. Tomem lá jazz.

27 de janeiro de 2010

oiça-se

não há bom gosto que pague o gozo de não querer saber

25 de janeiro de 2010

em berna, de manhã

«persegui um gato a q chamo sebastiao dos olhos tortos até um anfiteatro. estava la uma rapariga, soz, a preparar-se para uma defesa. procuramo-lo juntas e nada, mas tenho a certeza q não saiu. "será a minha única audiência!" rimos, desejei-lhe boa sorte, talvez nca mais a veja.»

23 de janeiro de 2010

charme charme charme

"O novo mundo da técnica é, portanto, como um gigantesco aparelho ortopédico que vocês, os técnicos, querem criar, e toda a técnica tem esta maravilhosa e - como tudo no homem - dramática tendência e qualidade de ser uma fabulosa e grande ortopedia."
Ortega y Gasset*

21 de janeiro de 2010

amor romântico ocidental

Disse-me «Oh, deixa lá, é só um modelo...»,
como se cultural fosse diferente de psicológico e menos que real.

brancos e sem penas na cabeça, 90s

"I believe humans have a universal "intuitive biology" that informs our intuitions and theories about life. These intuitions evolved to have a certain form because they were useful in that form to our hunter-gatherer hominid ancestors. These intuitions are probably not coherent, consistent or infallible, nor are they necessarily easy to generalize to systems that we did not evolve to deal with. Much of the confusion over ALife results from trying to apply intuitive biology theories to domains with which humans have very limited evolutionary experience. We have deep intuitive conceptions of intentionality, animacy, agency, motivation, and cognition, which apply very well (i.e., very usefully) to animals and people but very uneasily to plants, mechanical devices, robots, computers, and artificial systems."
Do já aqui citado e comentado Silicon Second Nature
(extracto de entrevista; bold meu).

Pergunto-me quanta cultura participará nisto.

Neutrogena I&D

Mais uma vez, estou de volta. De alguma forma, estamos sempre de volta, a cada entrada num blog. Muita coisa serve ao facto, desde uma ausência prolongada, ao ir fazer chichi; em tempos muito idos - bebés, bebézinhos - até o piscar dos olhos contava, nesta percepção de ser, não ser e ser outra vez, ou de estar, não estar e estar outra vez, vulgo cucu. Mas agora trabalho, some-se isso. Arrumo livros. Já havia arrumado livros, uma vez, voluntária no fórum cultural da zona, e lidava com as velhinhas. Agora é tudo mais selecto e qualificado, o contrato diz que investigo, posso dar-me à excentricidade de mandar à fava com palavras feias quem me aborrecer. Investigo o pó dos livros. Não o 'Pó dos Livros'... O Pó dos Livros. O Pó dos Livros nos Olhos Alérgicos e nas Mãos Secas. Cinco dias por semana, metade das minhas horas úteis, completas por uma tese desejada e preguiçosa. Passeiam-se os homens de caqui - uns seca, outros menos, imagino - enquanto revejo duas cadeiras e uma vida. Gil aprende Jill, entre clássicos e africanistas.
«Três Golden Boughs. Engraçado, comprei o meu em Londres, há três meses atrás.»

19 de janeiro de 2010

Somos todos únicos, sozinhos e mortais. Bora lanchar?

3 de janeiro de 2010

o meu primeiro jornal

uma e quinze, mais ou menos

2 de janeiro de 2010


"Now, if you'll only attend, Kitty, and not talk so much, I'll tell you all my ideas about Looking-Glass House. First, there's the room you can see through the glass - that's just the same as our drawing room, only the things go the other way. I can see all of it when I get upon a chair - all but the bit behind the fireplace. Oh! I do so wish I could see that bit! I want so much to know whether they've a fire in the winter: you never can tell, you know, unless our fire smokes, and then smoke comes up in that room too - but that may be only pretence, just to make it look as if they had a fire...

Oh, Kitty! how nice it would be if we could only get through into Looking-Glass House! I'm sure it's got, oh! such beautiful things in it! Let's pretend there's a way of getting through into it, somehow, Kitty. Let's pretend the glass has got all soft like gauze, so that we can get through. Why, it's turning into a sort of mist now, I declare!"
Lewis Carroll, Through the Looking-Glass